quarta-feira, 11 de junho de 2025

LUA DO MILHO OU LUA DE MORANGO

ARTE INDÍGENA
7º ANO

LUA CHEIA DE JUNHO 
LUA DE MILHO, LUA DE MORANGO
OU LUA DA FLORAÇÃO
11 de Junho, 2025
04h43min

Na madrugada de 11 de junho de 2025, o céu nos presenteou com a encantadora Strawberry Moon, ou Lua de milho. Essa Lua Cheia é a ultima Lua cheia do outono (no hemisfério sul) e a ultima lua cheia da primavera (no hemisfério norte). Essa Lua cheia marca um dos fenômeno mais especiais do ano arregado de simbolismo
e beleza. A Lua de milho ou Lua de morango encanta observadores ao redor do mundo com seu brilho rosa-dourado suave.

Os povos indígenas desenvolveram uma relação profunda com os fenômenos naturais do mundo ao seu redor, entre estes os fenômenos celestes, incluindo a lua cheia de junho, que eles associavam a diferentes eventos e atividades. 

Para muitos grupos, sobretudo do hemisfério norte, essa lua, era conhecida como "Lua de Morango" em algumas culturas nativas norte-americanas devido à época de colheita do fruto, era um momento de fartura e marcava o início de um novo ciclo, especialmente para a agricultura e a caça. Essa lua também anunciava a chegada iminente do solstício de verão no hemisfério norte. Para os povos originários do sul, indicava a chegada do inverno que na maioria do Brasil era uma estação seca e a estação da colheita do milho 

Conexão com a natureza e atividades:
Fartura e Colheita:
A lua cheia de junho, especialmente a "Lua de Morango", era vista como um período de abundância, pois coincidia com a época de colheita de morangos em algumas regiões do Hemisfério Norte.

Caça e Pesca:
A luminosidade da lua cheia facilitava a caça, pois tornava os animais mais visíveis à noite. Além disso, algumas culturas indígenas acreditavam que a lua cheia influenciava a pesca, sendo um bom momento para capturar camarão.

Ciclos da Natureza:
A lua cheia era um marco importante nos calendários lunares indígenas, que orientavam atividades como plantio, colheita e outras práticas relacionadas à agricultura e à vida cotidiana.

Eventos Astronômicos:
A observação da lua cheia e outros fenômenos celestes permitia aos indígenas identificar solstícios e equinócios, auxiliando na organização de suas atividades ao longo do ano.

Conexão com o sagrado e o mito:
Deusa Jaci:
Em algumas culturas, a lua era personificada como a deusa Jaci, desempenhando um papel importante em seus mitos e crenças.

Lendas e Contos:
A lua cheia era frequentemente tema de lendas e contos que explicavam a origem da lua, a relação entre o homem e a natureza, e outros aspectos da cosmologia indígena.

Em resumo: A lua cheia de junho, para os povos indígenas, era muito mais do que um simples evento astronômico. Era um momento de conexão com a natureza, um guia para suas atividades, um marco em seus calendários e um elemento central em suas crenças e mitos.


(1)

Lua de morango ou Lua de milho (2).

A lua de morango é associada à paixão, romance e desejo, o que pode ressoar com o amor em todas as relações. Além disso, a Lua de morango é frequentemente vista como um fenômeno natural que celebra a beleza e a singularidade de cada fenômeno e cada indivíduo e acontecimento da natureza.

A lua de morango é última lua cheia da primavera no hemisfério norte. E está associada ao prenúncio do verão, é uma lua com a cor ligeiramente avermelhada. O nome “lua de morango” é popularizado pela cultura norte-americana, mas a sua origem é das tribos nativas do hemisfério norte, que associavam este fenômeno com o início da época de colheita de morangos silvestres (Fragaria vesca e Fragaria virginiana).

Morango silvestre (Fragaria Vesca) (timeanddate).

Lua cheia vista a olho nu. (3)

Nomes Alternativos da Lua de morango

O nome “Strawberry Moon” (Lua de Morango) tem origem nas tradições dos povos nativos norte-americanos, como os Algonquins, que associaram essa Lua Cheia ao período ideal para a colheita de morangos silvestres. Na Europa, ela também era chamada de “Lua Rosa” ou “Lua do Mel”, ligada a festivais do solstício de verão. Era a lua onde as espécies se encontram formam ninhos e produzem filhotes, é um tempo de fartura, de folhagens verdes e flores e esperança.

Ao longo do tempo, diversas culturas deram diferentes nomes às 12 luas cheias do ano. Geralmente, esses nomes não se referem à cor da Lua, mas a atividades comuns realizadas nessa época. A lua de morango no hemisfério norte tinha também outros nomes, como:

• Lua da Floração (povo Anishinaabe). Refere-se à estação das flores.

• Lua do Milho Verde (povo Cherokee) e Lua da Enxada (Abenaki Ocidental). Indicam que é hora de cuidar das plantações jovens.

Outros nomes destacam que este é um período de nova vida:

• Os Tlingit usavam o termo Lua do Nascimento, referindo-se à época em que certos animais nasciam no noroeste do Pacífico.

• Já os Cree a chamavam de Lua da Postura de Ovos ou Lua dos Filhotes, indicando a temporada de nascimento de muitos animais.

• Em junho, a cultura indígena brasileira celebra as colheitas, o retorno do sol e outras tradições que honram os ancestrais, iniciando na lua cheia de junho, já que nesse mês no norte do Brasil inicia a estação mais seca do ano.

• Festivais como "Plantar na Mata", "Festa dos Pingorós" (a Festa dos Pingorós, ou "Festa da Colheita", é uma tradição ancestral do povo Karão Jaguaribara, que celebra a fertilidade da terra e os presentes das chuvas através de rituais e festividades. A celebração, que ocorre em junho, é marcada por danças, músicas, comidas típicas e troca de conhecimentos entre a comunidade, reafirmando a importância da natureza e da cultura indígena), e a celebração das Pleyades (Batí) marcam este mês, com fogueiras, danças, comidas típicas e rituais que conectam os povos indígenas à natureza e à sua espiritualidade.

Festivais e Tradições Indígenas em Junho

• Colheita e Agradecimento:
Muitas comunidades indígenas realizam festas para agradecer pela fartura da colheita, com celebrações que incluem danças, comidas típicas e rituais.

Celebração do Sol:

• A volta do sol do inverno, (no solstício de inverno, em 20 de junho, o Sol inicia sua volta para o hemisfério Sul) também é um momento de celebração para algumas etnias, com rituais e festas que buscam o equilíbrio entre o homem e a natureza.

Esses nomes revelam como diferentes povos observavam a natureza e integravam seus ciclos à vida cotidiana.

Lenda ligada a lua cheia de junho

Há muito tempo, contam os índios Tembé, da Amazônia, havia uma grande aldeia nas margens do rio Capim, no estado do Pará. Nessa aldeia vivia um cacique que tinha uma filha muito bonita, olhos negros e cabelos lisos e longos, chamada Flor da Noite. Ela gostava de ficar às margens do rio, observando o pôr-do-sol. Em uma noite de lua cheia, a índia adormeceu na praia e foi acordada por um grande barulho que vinha do rio. Então, um rapaz saiu da água e eles passaram a namorar em todas as noites de lua cheia. O rapaz, porém, era um boto cor-de-rosa e, depois de engravidar Flor da Noite, nunca mais voltou. A índia deu à luz a três botos e, embora triste, ela decidiu soltá-los nas águas do rio, para que eles não morressem. Assim, quando sentem saudades da mãe, os três botos unem-se à procura dela, saltando sobre as águas, sempre na lua nova e na lua cheia, fazendo uma grande onda que se estende até as margens do rio, derrubando árvores e virando barcos.

Essa fábula, na verdade, narra o fenômeno da pororoca, o estrondo provocado pelo encontro do rio com as ondas do mar, durante o período da maré alta, e mostra que esses índios já conheciam a relação entre as fases da lua e o ciclo das marés. "O conhecimento indígena sobre o movimento dos astros, as fases da lua e sobre as constelações é muito semelhante à astronomia de culturas antigas, ágrafas, que faziam do céu o esteio de seu cotidiano, tais como os sumérios e os egípcios, antes de criarem seus sistemas de escrita", conta Germano Bruno Afonso, físico e etnoastrônomo do Museu da Amazônia. Esse conhecimento era transmitido por meio de histórias e mitos, como o da pororoca.(4)

Por Que Essa Lua é Especial?

Além de seu nome poético, a Strawberry Moon, ou Lua do Milho de 2025 trará consigo uma energia de renovação e abundância. Em muitas culturas, essa Lua simboliza fertilidade, prosperidade e celebração da natureza em seu auge, pois 9 dias depois, ocorrerá o solstício de verão

No hemisfério Sul, é o tempo que antecede o solstício de inverno. Nesse dia o sol “para” na latitude do Trópico de Câncer, i.e., o Sol inicia sua longa jornada de volta para o hemisfério Sul. Assim, desperta a esperança que o inverno, apesar de estar iniciando, haverá um futuro com primavera e verão, perfumadas pelas flores, que produzem muitos frutos e caça em abundância.

O indígenas brasileiros celebram a Gratidão pelas conquistas da primeira metade do ano.

Renovação de energias, aproveitando a vibração do verão (no Hemisfério Norte) ou da chegada do inverno (no Hemisfério Sul).

É um tempo de festividades para celebrar agradecer a colheita e suplicar aos deuses e aos ancestrais, por um novo ciclo natural com mais fartura, já que no Brasil essa é uma época de maior seca no norte e frio intenso no sul.

Manifestação de desejos, especialmente relacionados ao amor e criatividade.


ATIVIDADE

1) Crie um desenho que celebra a Lua de morango ou Lua de milho na cultura dos povos originários.

2) Faça um desenho que mostre o fenômeno da lua cheia de junho e ligue com as festividades juninas no Brasil.

3) Crie um desenho que  narra a historia de Flor da Noite a indígena que namorou um boto. 

P.S.: Use todo conhecimento que desenvolvemos no primeiro trimestre: são os componentes básicos que constituem uma imagem bidimensional, formando a base para a expressão visual. Estes elementos, incluindo o ponto, a linha, a forma, a cor, a textura, entre outros, são fundamentais para criar um desenho, seja ele artístico, técnico ou gráfico.

Elementos do Desenho

Ponto
Unidade básica de uma imagem, ponto de partida para a criação de linhas e formas.

Linha
Sequência de pontos que define um traçado, pode ser reta, curva, contínua, tracejada, etc.

Forma
Espaço delimitado por linhas, pode ser geométrica (círculos, quadrados, triângulos) ou orgânica (formas naturais).

Cor
Atributo visual que percebemos através da luz, pode ser usada para expressar emoções, criar contraste e adicionar profundidade à imagem.

Textura
Sensação visual ou tátil que percebemos ao observar a superfície de um objeto ou desenho, pode ser lisa, rugosa, granulada, etc.

Tom
Escala de valores de cor, desde o mais claro (branco) ao mais escuro (preto), influenciando a luminosidade e o contraste do desenho.

Direção
O sentido em que uma linha ou forma está orientada, como horizontal, vertical, diagonal, etc.

Escala
Relação entre o tamanho de um objeto no desenho e seu tamanho real, influencia a proporção e o impacto da imagem.

Dimensão
Espaço que uma forma ocupa em três dimensões, pode ser usada para criar a ilusão de profundidade.

Movimento
Sensação de fluidez ou dinâmica que pode ser criada através da combinação de linhas, formas e cores, dando a impressão de que a imagem está em movimento.

Estes elementos, combinados de forma criativa e consciente, permitem que o desenhista construa imagens ricas e expressivas, seja para fins artísticos, técnicos ou comunicativos.





Fonte










terça-feira, 3 de junho de 2025

ARTE E BRINCADEIRA

ARTE E BRINCADEIRA
6º ANO

Arte-Brincadeira: 
A Intersecção entre Arte, Jogo e Criatividade


Duração: 10 aulas

Público-Alvo: Estudantes de artes, educação ou interessados em geral 

Objetivos da Aula

1. Compreender o conceito de arte-brincadeira e sua relação com o lúdico.
2. Explorar obras e artistas que utilizam o brincar como parte do processo criativo.
3. Estimular a criatividade por meio de atividades práticas que unem arte e brincadeira.

Estrutura da Aula

1. Introdução 

• O que é Arte-Brincadeira?

Definição 
Arte-brincadeira é uma abordagem artística que integra elementos lúdicos, jogos e interação ao processo criativo. Ela desafia a ideia tradicional de arte como algo estático, convidando o espectador a participar e se envolver.

Contexto histórico 

Relação com movimentos como o Dadaísmo, Surrealismo e a Arte Contemporânea, que exploram o absurdo, o acaso e a participação do público.

Exemplos de artistas: Lygia Clark, Hélio Oiticica, Yayoi Kusama e Joseph Beuys.

ATIVIDADE NO LABORATÓRIO DE ARTE

• Fazer um grupo com 4 ou 5 colegas.

• Listar em seu caderno todas as brincadeiras que você gosta

• Discutir com seus colegas quais dessas brincadeiras podem ser construídas no âmbito do CMPA. 

• Escolher tres (3) brincadeiras para construir.

• Se for um joguinho inventado, deve ser criado regras para que todos possam jogar.

• O jogo construído ou um Vestígio do  jogo deve ser preservado para constituir uma obra de arte.


2. Apresentação de Referências Artísticas 

• Lygia Clark e os "Bichos"
• Esculturas manipuláveis que convidam o público a interagir e transformar a obra.
• Hélio Oiticica e os "Parangolés":
• Capas e estandartes que ganham vida com o movimento do corpo.
• Yayoi Kusama e as "Obliteration Rooms":
• Espaços interativos onde o público pode colar adesivos coloridos, transformando o ambiente.
• Joseph Beuys e a "Arte Social"
• Obras que envolvem participação coletiva e jogos simbólicos.


3. Discussão e Reflexão 

• Perguntas para debate:
• O que diferencia a arte-brincadeira de uma brincadeira comum?
• Como a participação do público transforma o significado de uma obra de arte?
• A arte precisa ser séria para ser relevante?


4. Atividade Prática: Criando sua Arte-Brincadeira 

Material necessário: Papel, tintas, cola, tesoura, objetos recicláveis, tecidos, adesivos, etc.

Instruções

1. Em grupos ou individualmente, os participantes (alunos) devem criar uma obra que envolva interação ou brincadeira.

2. A obra pode ser um jogo, uma escultura manipulável, um ambiente interativo ou uma performance.

5. Incentivar a criatividade e a exploração de materiais não convencionais.

Exemplos de ideias

• Construir um labirinto de papel onde os jogadores precisam encontrar um caminho, com uma bolinha de gude.

• Criar máscaras ou fantasias que transformam quem as veste.

• Desenhar um jogo de tabuleiro com regras absurdas ou poéticas.


6. Apresentação e Compartilhamento
 
• Cada grupo apresenta sua obra, explicando o conceito e como ela funciona.
• O público é convidado a interagir com as criações, experimentando a arte-brincadeira.


7. Conclusão e Encerramento 

Reflexão final

• Como a arte-brincadeira pode ser aplicada em outros contextos, como educação, terapia ou comunidade?

• Qual o papel do lúdico na expressão artística e na vida cotidiana?

• Encerramento com uma dinâmica leve, como uma roda de aplausos ou uma brincadeira coletiva.


Materiais de Apoio
• Imagens e vídeos de obras de Lygia Clark, Hélio Oiticica, Yayoi Kusama e Joseph Beuys.
• Textos teóricos sobre arte e lúdico (opcional para turmas mais avançadas).


Avaliação

• Participação nas discussões e 
• Participação nas atividades práticas com os colegas
• Criatividade e engajamento na criação das obras (brinquedos).
• Reflexão crítica sobre o tema.



Essa aula busca não apenas informar, mas também envolver os participantes (alunos) em uma experiência prática e reflexiva, mostrando que a arte pode ser divertida, interativa, lúdica e transformadora.








terça-feira, 27 de maio de 2025

ARTE INDÍGENA BRASILEIRA

ARTE INDÍGENA BRASILEIRA
7º ANO


A história da arte indígena brasileira é uma das mais ricas e antigas expressões culturais das Américas, remontando a milênios antes da chegada dos colonizadores europeus. Essas manifestações artísticas estão profundamente ligadas à cosmovisão, à espiritualidade e ao cotidiano dos povos originários, refletindo sua relação com a natureza, seus mitos, costumes e sua organização social.

A arte indígena brasileira é a arte produzida pelos povos nativos ou povos originários, tanto antes da colonização, quanto após esse período. Podemos destacar a arte da cerâmica, do trançado, enfeites para o corpo, pintura corporal e confeccção de máscaras, entre outros. 

Cores

Cada tribo possui uma arte com características diferentes, representando as tradições de sua comunidade.
Para a produção dos seus trabalhos há o uso de elementos naturais, como: argila, sementes de frutos, madeiras, fibras, sementes, plumas de diversos pássaros, cipós, ossos, dentes, couro, palhas, cocos, além dos pigmentos naturais, como urucum, genipapo, açafrão, barro ou argila (tabatinga), frutas, etc. 
É muito comum os grafismos ou desenhos com formas geométricas para decorar, tanto o corpo como peças de cerâmica e trançados. 
Os grafismos indígenas, tanto masculinos como femininos, são padrões visuais expressos na pintura corporal, artesanato e outros elementos da cultura indígena. Esses grafismos não são apenas decorativos, mas também carregam significados simbólicos, religiosos, sociais e culturais, transmitindo mensagens e representando a cosmovisão indígena.

As cores mais utilizadas pelos índios para a pintura corporal são: o vermelho, do urucum, o preto-azulado, do suco de jenipapo e o branco da tabatinga.

As cores utilizadas pelos indígenas brasileiros derivam de fontes naturais, como plantas, frutos e minerais. A cor vermelha é obtida do urucum (sementes), a preta do jenipapo (fruto) e a branca da tabatinga (argila). Outras cores, como o amarelo, podem ser extraídas do açafrão.

Elaboração

Vermelho - Urucum 
O urucum, um fruto nativo da Amazônia, é a principal fonte de cor vermelha. Os indígenas extraem o pigmento das sementes que são utilizadas para produzir uma tinta vermelha, que é amplamente utilizada em pinturas corporais e para tingir objetos. Na cultura ocidental esse corante é utilizado como condimento, tempero e corante para diversos tipos de alimentos

Preto - Jenipapo 
O jenipapo é um fruto nativo que, ao ser esmagado e misturado com água, produz uma tinta preta ou azulada. O jenipapo é usado para criar um tom preto ou preto azulado misturado com fuligem (picumã). O suco do jenipapo é misturado com fuligem ou carvão moído finamente para obter uma tinta preta que é usada para pintura corporal.

Branco - Tabatinga 
A tabatinga é uma argila que fornece a cor branca para as pinturas.

Amarelo - Açafrão da terra
O açafrão, uma raiz usada na culinária e na medicina, é uma fonte de cor amarela. As raízes são moídas e usadas para tingir tecidos e outros objetos. 
O açafrão, uma raiz, pode ser usado para obter a cor amarela.

Outras cores 
Os materiais naturais usados pelas diferentes etnias indígenas podem variar, assim, para obter diferentes tons de cinza são usadas  cinzas de plantas para tons marrons e cinzas, corantes naturais para obter tons como marrom, bege, laranja e roxo.


Máscaras

Para os indígenas, as máscaras representam a figura de seres sobrenaturais, feitas com troncos de árvores, palha, cabaças etc; e são usadas em rituais e danças.

As máscaras indígenas têm significados diversos e complexos, variando de acordo com a cultura e a região. No geral, elas são usadas em rituais, festas e cerimônias, e podem representar forças da natureza, espíritos, ancestrais, animais lendários, entre outros elementos da cosmologia indígena. Entre os significados mais comuns temos:

Representação de forças da natureza
As máscaras podem representar espíritos do vento, chuva, sol, lua, entre outros, que são considerados importantes na vida das comunidades indígenas.

Espíritos e entidades sobrenaturais
Algumas máscaras são usadas para comunicar a presença ou a manifestação de espíritos, entidades ancestrais ou divindades, que são parte importante das crenças indígenas.

Animais e figuras mitológicas
As máscaras também podem representar animais, como cobras, aves, onças, que são símbolos importantes na cultura indígena, ou figuras mitológicas que são contadas nas histórias e lendas.

Ritos de passagem e celebrações
As máscaras são usadas em ritos de passagem, como a iniciação de jovens, ou celebrações de colheita, casamento, nascimento, entre outros eventos importantes para a comunidade.

Dança e entretenimento
Em algumas culturas indígenas, as máscaras são usadas em danças e outras formas de entretenimento, que são formas de expressão artística e cultural.

Comunicação e educação
As máscaras podem ser usadas para comunicar mensagens, contar histórias, transmitir conhecimentos e valores, e educar as crianças e jovens sobre a cultura indígena.


Origens e Tradições Milenares

A arte indígena no Brasil possui registros arqueológicos que datam de mais de 12 mil anos, como as pinturas rupestres encontradas no Parque Nacional da Serra da Capivara (PI) e em Pedra Pintada (PA). Essas representações, feitas com pigmentos naturais, retratam cenas de caça, rituais e figuras simbólicas, demonstrando uma sofisticada capacidade de abstração e narrativa visual.

Segundo Niède Guidon (1) (1933-2025), arqueóloga e pesquisadora brasileira, a colonização da América do Sul pelo homem pode ter ocorrido há muito mais tempo do que a teoria tradicionalmente aceita, que aponta para uma chegada há cerca de 15.000 anos. A investigação de Niède Guidon, especialmente em sítios arqueológicos como a Serra da Capivara, no Piauí, sugere a possibilidade de uma chegada humana muito mais antiga, potencialmente até 50.000 anos.

Além das pinturas, a cerâmica é outra expressão marcante, especialmente entre povos como os Marajoara (Ilha de Marajó, PA), que desenvolveram, entre 400 e 1400 d.C., urnas funerárias e vasos decorados com padrões geométricos complexos, muitas vezes associados a rituais ancestrais.
Outro destaque é a cerâmica Kadiwéu (MS), conhecida por seus traços zoomorfos e padrões intricados.

R.I.P.
Hoje (04/VI/2025) perdemos a pesquisadora Niède Guidon; Niède liderou escavações no Parque Nacional que comprovaram e mudaram o entendimento sobre a presença humana nas Américas. Nascida no interior do estado de São Paulo. Seu pai, Ernesto Francesco Guidon, era natural da cidade de Turim (Itália). Os avós paternos haviam casaram-se em Jaú em 1892 onde haviam se estabelecido como imigrantes, sendo o avô paterno, Joseph Guidon, natural do Vale de Aosta, região italiana de língua franco-provençal, e a avó da província de Asti, no Piemonte. Sua mãe, Cândida Viana de Oliveira, tinha ascendência colonial luso-brasileira.
Graduada em História pela Universidade de São Paulo (USP), em 1959, especializou-se em Arqueologia Pré-histórica, com ênfase em arte rupestre, na Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne (1961–1962), e obteve o seu doutorado em Pré-história, pela mesma universidade, em 1975, com a tese intitulada Les peintures rupestres de Varzea Grande, Piauí, Brésil, sob a orientação de André Leroi-Gourhan.
A primeira notícia sobre São Raimundo Nonato e o que viria a ser o Parque Nacional da Serra da Capivara chegou a ela em 1963, numa exposição de pinturas rupestres de Lagoa Santa, Minas Gerais, no Museu Paulista da USP, onde ela trabalhava na época. Na ocasião, ela recebeu a visita do prefeito de Petrolina, Pernambuco, que lhe falou da existência de pinturas semelhantes, no Piauí, no sítio arqueológico de Coronel José Dias, acerca de 525 km de Teresina. Apesar de seu interesse sobre assunto, ela não teve a oportunidade de conhecer a região naquele momento, entre outros contratempos, uma denúncia lhe obrigaria a partir para o exilio da França para não ser presa durante a Ditadura Civil Militar após o golpe de 1964, pouco depois daquele encontro. Somente conseguiria visitar o Piauí em 1973, depois de ter estado cerca de oito anos fora do Brasil, lecionando na École des Hautes Études en Sciences Sociales, em Paris. Muito interessada na riqueza dos sítios arqueológicos do Piauí, em 1978, ela convenceu o governo francês a estabelecer uma missão arqueológica para estudar a pré-história no Piauí. Voltando ao Brasil, integra a Missão Arqueológica Franco-Brasileira, uma iniciativa do Museu de História Natural de Paris para desenvolvimento de projetos de arqueologia. Até sua aposentadoria como docente, Niède Guidon seria a líder da missão, composta por pesquisadores brasileiros, franceses e de outros países, assim como assistentes de campo locais. Depois disso, a seu convite, Eric Boëda, pesquisador do CNRS e professor da Universidade de Paris, sucedeu-a na liderança.Foi também diretora-presidente da Fundação Museu do Homem Americano, sediada em São Raimundo Nonato, e hoje é presidente emérita.
Como arqueóloga chefe, Guidon foi responsável pela preservação, desenvolvimento e gerenciamento dos projetos arqueológicos do Parque. Ela e seus colegas descobriram mais de 800 sítios pré-históricos, que contribuíram para esclarecer o processo de povoamento das Américas. Desses sítios, mais de 600 contêm pinturas. Em Pedra Furada, ela e seus colegas escavaram um sítio arqueológico de arte rupestre para descobrir evidências de uma cultura paleoamericana que eles acreditam ser de c. 30 000 anos A.P., datação muito mais antiga do que a preconizada por teorias anteriores acerca dos primeiros habitantes na área. Niède registrou mais de 35000 imagens arqueológicas e publicou inúmeros artigos e livros. Suas descobertas vieram à tona pela primeira vez em 1986, com uma publicação na revista britânica Nature, na qual ela afirmou ter descoberto lareiras e artefatos humanos datados de c. 32000 A.P. Embora a datação tenha suscitado controvérsia, Guidon e seus colegas mostraram que a área foi ocupada por culturas de arte rupestre paleoamericanas e arcaicas, culturas que subsistiram com base na caça e coleta. Em 1988 ela iniciou uma parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), para facilitar a continuação de suas escavações. (1,2,3).

Grafismo da Serra da Capivara, no Município São Raimundo Nonato.

Grafismo da Serra da Capivara, no Município São Raimundo Nonato.

Grafismo da Serra da Capivara, no Município São Raimundo Nonato.




Arte Plumária e Arte Corporal

A arte plumária é uma das manifestações mais icônicas da cultura indígena, utilizada em adornos para rituais e celebrações. Povos como os Kayapó (PA/MT), Tukano (AM) e Karajá (TO/GO/MT) criam cocares, braceletes e mantos com penas de aves como araras e tucanos, combinando cores e formas em significados simbólicos ligados à hierarquia social e ao xamanismo. 

(1)

(2)

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Coifa vegetal Kayapó-Mekranoti (Lori-lori), Diadema Kayapó, Capacete Palikúr e Brincos da etnia Waurá (4).

(5)

(7)

Um Pariko pode ser dividido em quatro camadas.
1- A primeira camada é composta de penas retrizes de araras –- podendo também ser inserida retriz de outras aves –- dispostas em semicirculo decrescente e com as pontas aparadas, onde recebem colagem de plumas brancas de pato selvagem. Dizem os Bororo que essa distribuição da armação decrescente das retrizes acompanha a distribuição natural como se encontram nas aves utilizadas. Alguns Parikos não tem as pontas cortadas e nem recebem a emplumação.

2 - A segunda camada é composta de penas de diversas aves, podendo ser retrizes ou tectrizes aparadas nas pontas e combinadas com outros elementos decorativos como lascas de taquara revestidas de plumas ou de acúleos de ouriço, estiletes de madeira ou nervuras de buriti.

3- A terceira camada é formada de penas aparadas na sua parte terminal e recobre os cálamos das outras duas camadas. Alguns Parikos dispensam esta camada.

4- A última parte a qual denominaremos de suporte-base é flexível e tem a forma de um arco e é confeccionado com nervuras de babaçu e revestidas com tiras de folíolo de babaçu.

5- Os cordéis-atilho são manufaturados de seda de tucum e resinados para maior durabilidade.

Como já foi dito, através de um Pariko, pode-se identificar o sub-clã, o clã e a metade do seu usuário. Na sociedade Bororo, essas divisões apropriam de seres espirituais, da fauna, da flora, de objetos minerais, dos mitos, dos pontos geográficos, de corpos celestes e chegando até as minúcias do universo existente.
Baseando nas pesquisas realizadas por Dorta, será feita uma síntese de algumas situações:

• A construção de um Pariko obedece à forma da flora e fauna aquática, tendo no peixe pacu um dos modelos, ou como das folhas-do-brejo e de outras folhas aquáticas. Essa circunstância é identificadora, apesar de não ser a principal.

• Das três camadas, a pesquisadora salienta que é a segunda camada, por possuir um maior numero de matéria-prima, que os códigos identificatórios têm mais realce.

• Também são significativas para a identificação de um Pariko, as cores das penas, suas distribuições e combinações com outros de seus elementos.

Outro caráter identificador é a colação das plumas no ápice das tectrizes,devendo observar sua distribuição no seu perímetro.
Este é um resumo desse magnífico adorno, que dá ao seu possuidor, status de grandeza, poder e beleza.

Arte plumária Karajá

Para compreender a plumária Karajá é preciso entender a organização do de sua cosmologia. Existem três mundos miticos:

O Mundo das Águas, local de origem dos Karajá, onde está a aldeia dos
Berahatxi Mahãdu povo do fundo das águas peixes (peixe cuiú-cuiú, pirarucu);

O Mundo da Superfície, que é habitado pelos Karajá(podem ser tanto animais da floresta - veado, onça, raposa); e, o Mundo do Céu, que é o nível celeste alcançado somente pelos xamãs (hari) durante as viagens espirituais e depois da morte. o plano celeste é governado por Xiburè, é habitado pelos Biuludu (habitantes do Céu) e dentre estes há os Ijasò do céu..

Para os Karajá não há uma distribuição dos animais nos planos cosmológicos como nós pensaríamos, os pássaros não estão sempre ligados ao Mundo do Céu ou os peixes ao Mundo das Águas.

O Urubu-Rei. Portando, não há entre os Karajá uma relação funcional ou utilitarista de classificação do mundo, como já alertou Lévi-Strauss (2010) ao falar do “pensamento selvagem”. Trata-se de uma relação complexa entre os níveis cosmológicos que são mediados pelos xamãs a fim de manter o equilíbrio do cosmo.

A maior parte dos adornos de plumária é usada pelos mais jovens, a medida que a pessoa envelhece menos ela os usa. Ao mesmo tempo esses adornos estão, quase que em sua totalidade, relacionados aos rituais; estão presentes: na “dança dos Aruanã”.(ameobrasil)


Cestaria e Trançados

Os trançados em fibras naturais (como arumã e palha) são outra vertente importante, produzindo cestos, redes e instrumentos utilitários. Os Baniwa (AM), por exemplo, são conhecidos por suas cestarias decoradas com padrões que representam mitos e elementos da floresta. 

Cestas de armazenamento: Usadas para armazenar alimentos, roupas e outros pertences.

Cestas de transporte: Usadas para transportar mercadorias e suprimentos.

Cestas de coleta: Usadas para coletar frutas, nozes e outros alimentos.

Cestas de peneiração: Usadas para peneirar farinha, sementes e outros materiais.

Cestas cerimoniais: Usadas em rituais, cerimônias e outras ocasiões especiais


















Peneiras produzidas por diversas tradições indígenas brasileiras.


Síntese dos Elementos da Arte Indígena Brasileira

Cerâmica
A cerâmica é uma das formas de arte mais importantes para muitos povos indígenas, utilizada para criar vasos, panelas, utensílios e objetos rituais. A cerâmica é frequentemente decorada com padrões geométricos, figuras de animais e seres mitológicos, e cada padrão pode ter um significado específico. 

Pintura Corporal
A pintura corporal é uma forma de arte que é usada em rituais, cerimônias e eventos importantes para as comunidades indígenas. As pinturas corporais são geralmente feitas com tintas naturais, como pigmentos extraídos de plantas, e cada padrão pode representar uma história, um espírito ou um ser da natureza. 

Arte Plumária
A arte plumária consiste na utilização de penas de diferentes tipos de aves para criar adornos, máscaras, cocares e outros objetos decorativos. A arte plumária é uma forma de arte que é muito valorizada por muitos povos indígenas, e as penas podem ser usadas em rituais, cerimônias e eventos importantes. 

Cestaria
A cestaria é uma forma de arte que é usada para criar cestos, bolsas, e outros utensílios domésticos. Os cestos são feitos com materiais naturais, como folhas de palmeira, e são usados para guardar alimentos, transportar objetos e participar de rituais. 

Tecelagem
A tecelagem é uma forma de arte que é usada para criar tecidos, tapetes, roupas e outros objetos decorativos. A tecelagem pode ser feita com materiais naturais, como algodão, lã e fibras vegetais, e cada padrão pode ter um significado específico. 

Máscaras
As máscaras são um elemento importante da arte indígena, utilizadas em rituais, cerimônias e eventos importantes. As máscaras podem representar espíritos, animais, seres mitológicos e outras figuras importantes para as comunidades indígenas. 

Outros
Além dessas formas de arte, a arte indígena brasileira também inclui a música, a dança, a escultura em madeira, a pintura em telas, a arte rupestre e outras manifestações culturais. 
A arte indígena brasileira é uma expressão cultural rica e diversificada, que reflete a história, as crenças e a conexão com a natureza dos povos indígenas. A arte indígena é uma forma de comunicação, de expressão e de resistência, e é uma parte importante da identidade cultural brasileira.

Resistência e Contemporaneidade

Apesar do impacto da colonização e da marginalização histórica, a arte indígena segue viva, adaptando-se e resistindo. Artistas contemporâneos, como Denilson Baniwa (AM), Jaider Esbell (RR†) e Daiara Tukano (AM), têm levado a arte indígena para galerias e bienais, mesclando técnicas tradicionais com linguagens modernas para discutir identidade, território e direitos indígenas. 

A arte indígena brasileira é um legado de resistência e criatividade, conectando passado e presente. Suas formas, cores e significados continuam a inspirar não apenas o campo artístico, mas também a luta pelo reconhecimento da diversidade cultural do Brasil. 

Memorial dos Povos Indígenas, em Brasília, é coberto com grafismos de aldeias do Parque Nacional do Xingu, em Mato Grosso (Foto: Agência Brasília/Wikimedia Commons) (blog).


GRAFISMO INDÍGENA

Grafismo
Grafismo é o estilo característico do conjunto de signos gráficos (linhas, curvas, traços, pinceladas etc.) usado por um artista em seus desenhos ou pinturas. O grafismo pode ser geométrico ou figurativo. É a forma característica de expressar informações e sentimentos com esses elementos. Essa arte prioriza linhas, formas, cores e diversas outras técnicas bem detalhadas. O grafismo normalmente apresenta uma variedade de possibilidades bastante seguras de interpretação. (Francisco, 2007).
É quase impossível afirmar quando o grafismo surgiu na cultura humana, mas o certo é que já estão presentes na arte rupestre (51000 anos atras), na arte Egípcia e na arte dos povos originários das Américas. 
O que se sabe é que a base de sua criação que aparece tanto nos povos africanos e povos indígenas do novo mundo, povos asiáticos e aborígenes tinha o objetivo de expressar sentimentos, pensamentos e informações que marcam a identidade de cada indivíduo.

Tela indígena Mehinako. Grafismo Borboleta 45cm.

Roll-out (planificação) de padrões abstratos pintados em vasilhas da cultura Santarém. A e C volutas com terminação aberta, sendo A simetricamente organizada em reflexo lateral, alternada com motivos em simetria bilateral; B, D e E apresentam linhas verticais fechando os campos que contêm elementos lineares ou pontos; G consiste numa figuração. A, B e G, acervo MAE-USP, adaptado de Gomes (2002); C, D, E, F, Acervo Museu Nacional-UFRJ. Digitalização dos grafismos: Angislaine Freitas Costa,(1).

Reprodução parcial de painel de pinturas da Lapa do Caboclo (vale do Peruaçu), produzida na década de 1980, na qual as figuras geométricas complexas foram registradas a partir de seus contornos finais, com base no entendimento de que se tratavam de figuras chapadas, sem atenção aos traços de sua composição. Fonte: acervo do Setor de Arqueologia do Museu de História Natural e Jardim Botânico (MHNJB, 1985),(1).


Figura geométrica complexa da Lapa do Caboclo do Peruaçu e reproduções de figuras geométricas simples de outros sítios do mesmo vale, que estruturalmente correspondem aos elementos constituintes da figura complexa. Autor: Andrei Isnardis (2018), (1).

Segunda a quarta figura: Composição de painel na Lapa do Voador (Diamantina), onde se pode ver que cada momento de pinturas (representado por cada um dos quadros) compõe novos grafismos, encaixando-os nas figuras precedentes e que, no momento final, a grande figura zoomorfa se vale de linhas pré-existentes para seu contorno superior e engloba as figuras anteriores. Autor: Vanessa Linke (2018),(1).

Criação de uma peca decorativa por meio do grafismo indígena brasileiro. 
Fonte: @analivero.design

Grafismo indígena traz destaque para a mesa de madeira. 
Fonte: Arte Canoa, (2).

Grafismo indígena colorido. Fonte: @tupiniquim2, 
(2).

Sobreposições e encaixes entre figuras zoomorfas na Lapa do Caboclo de Diamantina: A) vermelho-marrom; B) laranja sobre vermelho-marrom; C) amarelo-escuro sobre laranja sobre vermelho-marrom; D) vermelho-marrom sobre amarelo-escuro sobre laranja sobre vermelho-marrom. Fonte: adaptado de Baldoni (2016),(3).

Mapa do Brasil mostrando os principais povos indígenas à época do descobrimento. (Fonte: No Amazonas é Assim (website). Domínio Público, Wikicommons).


Povos indígenas brasileiros na época do descobrimento

istribuição dos povos originários na América do Sul.

Distribuição dos povos originários na América do Sul.

Distribuição dos povos indígenas no Brasil.


O que é grafismo indígena?

Quando se fala de arte indígena, é impossível não pensar nos desenhos e pinturas que sobressaem nos corpos, nos objetos e elementos culturais desses povos como cerâmica, vasos, potes, panelas, cestaria e tecelagem (tecidos). Sendo assim, no plural, os povos indígenas trazem muitos tipos de arte diferentes, mas os grafismos geralmente estão presentes e formam uma variedade de desenhos gráficos.
Analisando-se no no geral, como vimos antes, o grafismo divide-se em dois: grafismo geométrico (retas, curvas, areas geométricas coloridas etc.) e grafismo figurativo (representação de animais, plantas etc).

O que chamamos de grafismo corporal possui alguns padrões que direcionam as linhas e pontos que os constitui. 

Então, para começar, conheça alguns tipos de direção de linhas para fazer grafismos:

Convergentes: linhas que seguem pontos diferentes, mas estão indo numa mesma direção.
Paralelas: são linhas que ficam lado a lado, na mesma direção, mas nunca se cruzam, e a distância de uma para outra é a mesma.
Divergentes: as linhas estão em direções diferentes, embora partam de um mesmo ponto.
Perpendiculares: as linhas formam ângulos retos e se cruzam.

Assim, os grafismos podem criar padrões diversos e ir variando conforme o contexto em que se insere. Além disso, os tipos de grafismos indígenas também podem se diferenciar a partir do seu uso em rituais.

Por exemplo, alguns grafismos podem ser usados para guerrear, para caçar, para rituais de casamento e/ou para se preparar para transições que envolvem fases de crescimento, entre outros motivos.


Grafismo corporal 

A arte corporal, com pinturas feitas de jenipapo e urucum, é uma prática presente em diversos grupos, como os Wajãpi (AP), cujos padrões gráficos (inspirados na natureza) são reconhecidos como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO (2003). 







Alguns significados dos grafismos corporais indígenas





Kayapó - pintura da cobra


Kayapó - casco da tartaruga 

Kayapó - movimento do rio

Grafismo Kaiapó























Mulher Kadiwéu do rio Nabileque.
(Photo from the Boggiani collection. Published in 1892/ Dr. R. Lehmann-Nitsche).






























A Arte Kusiwa é uma linguagem gráfica dos índios Wajãpi do Amapá. Pintura corporal e arte gráfica que sintetizam seu modo de conhecer, conceber e agir sobre o universo.

Arte kusiwa dos Wajãpi.

Arte kusiwa dos Wajãpi.

Arte kusiwa dos Wajãpi.

Arte kusiwa dos Wajãpi.

Arte kusiwa dos Wajãpi.

Arte kusiwa dos Wajãpi.

Segundo a UNESCO, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, colocou na Lista do Patrimônio Cultura Imaterial da Humanidae a arte Kusiwa dos indígenas Wajãpi do Pará.

Nome Atribuído: Expressões orais e gráficas dos Wajãpis. Inscrito na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade em 2008.

Descrição 
Os Wajãpi, que pertencem ao grupo etnolinguístico tupi-guarani, são uma população indígena do norte da Amazônia. Os 580 membros que atualmente compõem essa comunidade vivem em cerca de 40 aldeias, agrupadas em um território protegido do Estado do Amapá, ao noroeste da região norte do Brasil.
Os Wajãpi têm uma tradição ancestral que consiste em utilizar tinturas vegetais para adornar, com motivos geométricos, seus corpos e outros objetos.
 
Com o passar dos séculos, eles desenvolveram uma linguagem única, uma combinação de arte gráfica e verbal, que reflete sua visão particular do mundo e pela qual transmitem os conhecimentos essenciais da vida da comunidade.

KUSIWA

Os motivos desta arte gráfica única, chamada kusiwa, são realizados com tinturas vegetais vermelhas, extraídas de uma planta amazônica, a bija, misturada com resinas perfumadas

A arte kusiwa é tão complexa que os Wajãpi consideram não ser possível alcançar as competências técnicas e artísticas necessárias para dominar a arte do desenho e da preparação das tinturas antes dos 40 anos de idade. Os motivos mais recorrentes são a onça pintada, a cobra, a borboleta e o peixe.

Os desenhos kusiwas se referem à criação da humanidade e dão vida aos numerosos mitos sobre o surgimento do homem. Esse grafismo corporal, vinculado às antigas tradições orais ameríndias, apresenta vários sentidos em diferentes níveis sociológicos, culturais, estéticos, religiosos e metafísicos. Assim, a arte kusiwa constitui a estrutura genuína da sociedade Wajãpi, e sua significação vai muito além de sua mera dimensão artística.

Esse repertório codificado de conhecimentos tradicionais evolui de forma permanente, uma vez que os artistas indígenas renovam constantemente seus motivos, mediante reinterpretações e invenções. (1)


PINTURA CORPORAL DOS 
POVOS ORIGINÁRIOS
BRASIL 






Grafismo Pataxó



Arte corporal


Cenas do ritual Quarup, feito pelos indígenas do Xingu (Foto: Nereu Jr.)

















(Fonte de Todas as imagens acima: Pinterest)

Pintura com genipapo



Grafismo Kuikuro

Grafismo Kayapó

Grafismo Kayapó

Grafismo Waxamani

Grafismo Kayapó

Grafismo Kayapó


Grafismo Tupi

Grafismo Kayapó

Grafismo olho de arara





GRAFISMO DE OUTROS POVOS SUL-AMERICANOS

Elena Izcue, detail of plate 16, in El arte peruano en la escuela, I (Peruvian Art in School, I), Paris: Excelsior, 1925. Pedagogical notebook, 11⅛ × 8⅝ in. (28.1 × 21.8 cm) Private collection, Granada (repositorios).

Inka Royal Uncu decorated with tocapu motif, ca. 1530, camelid wool, 36 x 30 ½ in. Dumbarton Oaks, Pre-Columbian Collection B-518, Washington, D.C.











ARTE INDÍGENA BRASILEIRA

Aula sobre Arte Indígena Brasileira 7º Ano

A riqueza da arte indígena brasileira e 
sua importância cultural 


Objetivos

Conhecer as principais características da arte indígena brasileira. 

Identificar os materiais, técnicas e significados das produções artísticas indígenas. 

Valorizar a cultura indígena e sua contribuição para a identidade brasileira. 


Duração: 2 aulas (50 minutos cada) 


1ª Aula: Introdução à Arte Indígena Brasileira

Recursos necessários:

Projeção de imagens (pinturas corporais, cerâmicas, cestarias, adornos). 

Vídeos curtos sobre arte indígena (ex.: documentários ou reportagens). 

Mapa do Brasil com localização de povos indígenas. 


Roteiro

1. Sensibilização (10 min)

Questão inicial: 
O que vem à mente quando pensam em arte indígena?

Mostrar imagens de diferentes expressões artísticas indígenas e pedir que os alunos descrevam o que veem. 


2. Contextualização (20 min)

Breve explicação sobre a diversidade dos povos indígenas no Brasil (mais de 300 etnias, cada uma com sua cultura). 

Discussão: "Por que a arte indígena é importante para a história do Brasil?"

Apresentação de elementos artísticos: 

Pinturas corporais (significados, cores e padrões). 

Arte plumária (penas de aves usadas em cocares e adornos). 

Cerâmica (utensílios e esculturas, como as do povo Marajoara). 

Cestaria e trançados (objetos do cotidiano feitos com fibras naturais). 


3. Atividade prática (20 min)

Desenho de padrões indígenas: Distribuir folhas com padrões de pinturas corporais ou cerâmicas para os alunos reproduzirem e colorirem, explicando o significado de alguns símbolos (linhas, pontos, animais). 


2ª Aula: 
Mão na massa! Criando arte inspirada nos indígenas

Recursos necessários:

Tintas naturais (ou guache em tons terrosos: marrom, preto, vermelho). 

Papel kraft ou argila (para cerâmica simbólica). 

Penas coloridas, barbante e miçangas (opcional para adornos). 


Roteiro

1. Retomada (10 min)

Revisão rápida do que foi visto na aula anterior com perguntas. 

Exibição de um vídeo curto sobre um artista indígena contemporâneo (ex.: Denilson Baniwa). 


2. Oficina de arte (30 min)

Opção 1: Pintura corporal simbólica (usando tinta guache e moldes de símbolos indígenas em papel). 

Opção 2: Confecção de colares ou cocares com materiais recicláveis (inspirados na arte plumária). 

Opção 3: Modelagem de pequenas cerâmicas com argila ou massinha, imitando padrões indígenas. 


3. Reflexão final (10 min)

Exposição dos trabalhos em sala. 

Discussão: "O que aprenderam sobre a cultura indígena? Como podemos respeitar e preservar essas tradições?"


Avaliação

Participação nas discussões. 

Criatividade e envolvimento na atividade prática. 

Pequeno relato escrito ou desenho sobre o que mais chamou atenção na aula. 


2ª ATIVIDADE







Para ampliar

1) Sugestão de livros infantis sobre histórias, poemas e lendas indígenas. 

(1)

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2) 
Visita virtual a museus como o Museu do Índio (Rio de Janeiro) ou o MAE-USP. 


Observação

Adaptação dos materiais conforme a realidade da escola, valorizando sempre o respeito e a representação autêntica das culturas indígenas. 

Essa aula promove o contato com a diversidade cultural brasileira de forma lúdica e reflexiva, alinhada à BNCC (Competências Gerais 3 e 6).



Referências









































Extração de pigmentos




LÉVI-STRAUSS, Claude.O Olhar Distanciado. Lisboa: Edições 70, 1986. 

PESSIS, Anne-Marie. Imagens da Pré-História: Parque Nacional Serra da Capivara. São Paulo: FUMDHAM, 2003. 

REZENDE, Luiz Augusto. Arte Indígena no Brasil: Cestaria, Pintura e Adornos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2010. 

Dossiê UNESCO. Grafismo Wajãpi. Disponível em: (UNESCO)
https://ich.unesco.org 

Essas referências ajudam a aprofundar o estudo sobre a riqueza e a diversidade da produção artística dos povos originários brasileiros.

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