sexta-feira, 12 de julho de 2024

MULHERES ARTISTAS 1

MULHERES ARTISTAS 1

Ao longo da história vemos arte feita principalmente por homens, pelo menos a arte que esta nos museus. Vemos ao longo de milênios o descaso e a desconsideração da grande e essencial produção artística produzida por mulheres. 

Essa visão arcaica tem sido desafiada por outra que advoga por uma abordagem inclusiva das minorias e mais respeitosa com os diferentes segmentos que constituem a sociedade. Mas não sem o obstáculo de sectários, conservadores, radicais religiosos que defendem uma visão superada da sociedade e da humanidade.  

Nos últimos anos, o interesse, a visibilidade e o debate a respeito da produção da mulher na arte tem crescido e ganhado corpo de forma contundente. 

É um inicio importante, mas a luta por um lugar ao sol da cultura esta apenas começando.  

Podemos perceber essa guinada na direção, nas atitudes dos museus, quando vemos exposições do coletivo Guerrilla Girls (2017) e História das mulheres, Histórias feministas (2019), bem como os esforços de diversificação do acervo através de múltiplas ações, como por exemplo a aquisição de obras de artistas mulheres.


Precisamos de mais estudos estudo de artistas mulheres em todo o mundo e em todos os períodos. 

Há importantes estudos e mostras da produção de artistas italianas que viveram entre os séculos XVI e XVII, como (renascimento e barroco): 

Properzia de Rossi,
Plautilla Nelli,
Sofonisba Anguissola,
Lavinia Fontana,
Artemisia Gentileschi e
Giovanna Garzoni.



PROPERTIA DE ROSSI  (1490 - 1530)

Properzia da Rossi nasceu em Bolonha, 1490 - Bolonha, 1530, foi a única mulher escultora italiana do Renascentismo, tendo estudado com Marcantonio Raimondi.

Propertia de Rossi; autorretrato.

Tinha talento e tenacidade excepcionais. Dela e da sua breve vida pouco se sabe. Filha de um notário, em Bolonha, abastado o suficiente para dar alguma educação à sua filha. Teve lições de desenho com Marcantonio Raimondi, artista, hoje conhecido pelas reproduções em gravura das obras de Rafael Sanzio.
Mas o traço no papel transformou-se  e ganhou forma tridimensional em trabalhos delicados de minuciosas miniaturas esculpidas em caroços de fruta, como de pêssegos. Essas pequenas obras de arte eram habitualmente de cunho religioso e bastante apreciadas por nobres pessoas abastadas.
No Museu Cívico de Bolonha estão expostos 11 desses trabalhos encrustados numa filigrana de prata. 

Construção da arca de Noé.

José e a mulher de Potifar


Autorretrato

Properzia de Rossi; baixo relevo, São Petrônio em Bologna.

Autorretrato


A mulher de Potiphar acusa José.

Dedicação e persistência excepcional que fez com que Giorgio Vasari (1511-1574) a incluísse em sua obra "As Vidas dos mais excelentes, pintores, escultores e arquitetos". Miraculosa, excelente artista e dona de casa assim era descrita Properzia.


PLAUTILLA NELLI (1524 - 1588)

Plautilla Nelli nasceu em Florença, 1524 - 1588, foi uma freira e pintora italiana, a primeira mulher pintora da Renascença em Florença, Itália. Era freira do convento dominicano de Santa Catarina de Siena, localizado na Praça de São Marcos, em Florença, tendo sido fortemente influenciada por Girolamo Savonarola e Fra Bartolommeo (Baccio della Porta, pintor renascentista florentino).

Plautilla Nelli, autorretrato (WP)

Pulisena Margherita Nelli, mais conhecida como Plautilla Nelli, nasceu em 1524 em uma rica família de Florença. Seu pai, Piero di Luca Nelli, era um rico comerciante de tecidos e seus ancestrais se originaram na região da Toscana, em Mugello, assim como a dinastia Medici. Em Florença hoje existe uma rua, Via del Canto de’ Nelli, no distrito de São Lourenço, que homenageia sua família.

Com apenas 14 anos tornou-se freira, adotando o nome de Irmã Plautilla. Seu convento, Santa Catarina de Siena, onde foi prioresa três vezes, era administrado pelos frades dominicanos de São Marco, liderados por Girolamo Savonarola. Em suas pregações, Savonarola incentivava a pintura e o desenho da parte das mulheres religiosas de maneira a evitar a preguiça. Assim o convento se tornou um polo para freiras pintoras. (WP

Plautilla tinha diversos patronos bem favorecidos, inclusive mulheres, para quem pintou grandes obras. O historiador de arte do século XVI, Giorgio Vasari, atestou que nas casas dos grandes senhores de Florença existiam tantos quadros, que seria tedioso tentar falar de todos eles. (WP)

Santa Maria com o menino Jesus e quatro anjos.

Lamentação com os santos; óleo sobre painel de madeira

Visão de Cristo por Santa Catarina; óleo sobre painel de madeira

São Domingo recebe o rosário

Apesar de ser autodidata, Plautilla começou seus trabalhos como muitos artistas da época, copiando obras de outros artistas. Suas primeiras cópias foram de Agnolo Bronzino e de Andrea del Sarto. Sua principal fonte de inspiração vinha das cópias dos trabalhos de Fra Bartolomeo, muito próximo do estilo classicista, reforçada porém com as teorias artísticas de Savonarola. Fra Bartolomeo deixou seus esboços com seu pupilo, Fra Paolino, que por sua vez entregou à uma freira que pintava do Convento de Santa Catarina de Siena.(WP)

Seu trabalho é caracterizado pelo tema religioso, com retratos vívidos e emotivos nas faces de santos e santas. Plautilla, porém, nunca teve acesso a nenhum estudo formal de pintura e pela moral religiosa e social da época, além de suas "características femininas", ela foi proibida de estudar modelos nus.

Irmã Plautilla não produziu apenas quadros, mas também ilustrações para livros, desenhos e lentes decoradas. Seus quadros estão hoje em galerias como a Galleria degli Uffizi e em várias igrejas e conventos pela Itália. Seu grande quadro, A Última Ceia com 6 metros, é o primeiro na história da arte a ser pintado por uma mulher.


SOFONISBA ANGUISOLA (1532 - 1625)

Sofonisba Anguissola nasceu na cidade de Cremona, 1532 - Palermo, 1625. Foi uma pintora renascentista italiana, discípula de Bernardino Campi. Foi a primeira artista a adquirir fama internacional de que se tem notícia sendo admirada por Michelângelo e Anthony van Dyck, entre outros artistas. (finestresullarte)

Sofonisba Anguisola; autorretrato

Anguissola nasceu no seio de uma família nobre, mas relativamente pobre. Ela recebeu uma educação completa, que incluiu as belas artes, a sua aprendizagem com pintores locais estabeleceu um precedente para que as mulheres pudessem ser aceitas como estudantes de arte.(WP

Enquanto jovem mulher, Anguissola viajou para Roma, onde foi apresentada a Michelangelo, que imediatamente reconheceu o seu talento, e para Milão, onde pintou o Duque de Alba e Isabel de Valois, mulher de Filipe II de Espanha, que era pintora amadora. (WP)

Posteriormente em 1569, Anguissola foi convidada para ir para Madrid e ser tutora de Isabel, com o posto de dama de companhia. Mais tarde, ela tornou-se pintora oficial da corte do rei e adaptou o seu estilo às exigências mais formais de retratos oficiais para a corte espanhola. Após a morte da rainha, Filipe ajudou a organizar-lhe um casamento aristocrático. Mudou-se para Palermo e, posteriormente, Pisa e Génova, onde continuou a atividade como pintora principal de retratos, vivendo até a idade de noventa e três anos.(WP)

As suas pinturas mais características e atrativas são os retratos de si e da sua família, pintados antes de ela ter-se mudado para a corte espanhola. Em particular, as suas pinturas de crianças eram inovadoras e muito apreciadas. Na corte espanhola pintou retratos de Estado formais, no estilo oficial em vigor. No fim da vida, ela também pintou temas religiosos, embora muitas das suas pinturas religiosas tenham sido perdidas. Anguissola tornou-se numa rica patrona das artes após o enfraquecimento da sua vista, e em 1625 morreu aos noventa anos.(WP)

O historiador de arte e pintor, Giorgio Vasari escreveu sobre Anguissola: "mostrou maior dedicação e graça do que qualquer outra mulher do nosso tempo nas sua ambições em desenho; portanto ela não só conseguiu isso no desenho, como também na coloração e pintura da natureza, e como na cópia excelentemente de outros artistas, mas também por que ela mesma criou pinturas raras e muito bonitas."(WP)

Sofonisba Anguisola; Os jogadores de xadrez, 1555.



LAVINIA FONTANA (1552 - 1614)

Lavinia Fontana nasceu em Bolonha, 24 de agosto de 1552 - Roma, 11 de agosto de 1614) foi um pintora italiana. Filha de Prospero Fontana, que era o principal pintor da Escola de Bolonha na época. Ele também foi seu professor.

Lavinia Fontana, autorretrato

Assunção da Virgem

Retrato de moça com cachorro, 1590.

Lavinia pintou em vários estilos. No começo de sua carreira, era famosa por pintar moradores da alta classe de Bolonha. Também executou nus masculinos e femininos e pinturas religiosas em grande escala.(WP)

Casou-se com Paolo Zappi em 1577, com quem teve onze filhos, mas apenas três ainda viviam após sua morte. Após o casamento, Fontana continuou a pintar para ajudar no sustento da família. Zappi cuidava da casa e até mesmo ajudava sua mulher em elementos menores das pinturas.

Fontana e sua família se mudaram para Roma em 1603 a convite do Papa Clemente VIII. Lavinia fez sucesso em Roma e o Papa Paulo V posou para ela. Ela morreu em Roma em 1614.

Alguns de seus retratos foram erroneamente atribuídos a Guido Reni. Seu autorretrato é sua obra-prima. Durante a carreira, adotou o estilo dos Carracci. Sua obra é a maior de uma artista mulher antes de 1700. Sofonisba Anguissola foi uma influência em sua carreira.(WP)

Retrato de Bianca de Utili Maselli e seus filhos c. 1604-5.(WP)


ARTEMISIA GENTILESCHI (1593 - 1656)

Artemisia Gentileschi nasceu em Roma, 8 de julho de 1593 - faleceu em Nápoles, 1656; foi uma pintora barroca italiana, considerada hoje uma das mais bem-sucedidas pintoras de sua época. Sendo incentivada desde sua infância na pintura, por seu pai Orazio Gentileschi, que era um famoso pintor natural da cidade de Pisa, ela se tornou a primeira mulher a ser membro da academia de pintura de Florença.

Artemisia Gentileschi, autorretrato com alaúde, 1615-17.

Suzana e os anciãos

Susana, belíssima, temente ao Senhor e fielmente educada na Lei de Moisés, era casada com Joaquim. Vivia o casal na Babilônia de Nabucodonosor, durante o cativeiro de Judá. Eram riquíssimos: Joaquim tinha um belo jardim em sua casa. Susana costumava passear nele. Dois anciãos, juízes, iníquos, frequentavam sua casa – e ardiam de desejo por ela. Em um dia quente de verão, Susana pediu óleo e bálsamo a duas criadas porque queria se banhar em seu jardim. Escondidos nos arbustos, à espreita, os anciãos aguardaram as criadas se retirarem. Então assediaram Susana. Ameaçaram-na! Mas a esposa de Joaquim não quis pecar diante do Senhor. Os juízes então a denunciaram publicamente por adultério com um rapaz. No dia seguinte, houve o julgamento, público. Os anciãos cometeram perjúrio. Susana então clamou aos Céus:

"Ó Deus eterno, que conhece as coisas ocultas, que sabes todas as coisas antes de sua origem, Tu sabes que é falso o testemunho que levantaram contra mim. Eis, pois, que vou morrer, não tendo feito nada do que estes maldosamente inventaram a meu respeito." (Dn 13, 42-43). (ricardocosta)

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