quinta-feira, 16 de maio de 2024

MANIFESTAÇÕES ARTISTICAS POPULARES

MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS POPULARES
ARTE POPULAR

A Arte Popular se configura como forma de expressividade de artistas do povo. É constituída por artefatos, peças artísticas e escritos produzidos por pessoas, as quais não se atribui nenhum conhecimento acadêmico ou letrado. 

Artistas populares nunca frequentaram nenhuma faculdade de arte ou instituição que pudesse lhes certificar ou especializar. São simples representantes do povo, que possuem uma habilidade ou dom e o desenvolveram.


Esta arte se traduz em uma rica diversidade de valorosas e belas obras, oriundas das mãos de gente simplória que não teve nenhum ensinamento ou orientação para executarem o trabalho artístico.


Arte Popular: Tipos de Produção

Diversos tipos de produção são feitos por estes artesãos. Entre estes estão a pintura, as esculturas, literatura, etc. Eles não realizam suas obras na condição de profissionais. Elas são criadas nos dias de folga, nos intervalos dos trabalhos, e até mesmo nos momentos do lazer. Eles são dedicados e amam sua arte. Porém, nem sempre, esta constitui seu ganha-pão, pois os trabalhos que conseguem vender para feiras, pequenas lojas e raros compradores, não é suficiente para seu sustento.

Alguns dos artistas populares do Brasil 

1) Mestre Vitalino, 
2) Zé Caboclo do Caruaru, 
3) Heitor dos Prazeres do Rio de Janeiro, 
4) Severino de Iracunhaem, 
5) Manezinho Araújo de Pernambuco, 
6) Cizin do Ceará, 
7) Maria Auxiliadora da Silva de São Paulo. 
8) Mestre Zé Lopes 

Mas existem muitos outros. Cada qual com sua especialidade, retrata em suas obras um tantinho de cada brasileiro. São santinhos, cangaceiros, esculturas do Padre Cícero, baianas, bonecas, animais, pinturas. A maioria se volta para os temas religiosos. A arte sacra é retratada frequentemente por eles. Mas há também as expressões regionais e as que homenageiam as tradições da terra.

1) Mestre Vitalino
Vitalino Pereira dos Santos (1909-1963), nasceu no dia 10 de julho de 1909 no distrito de Ribeira dos Campos, nas cercanias da cidade de Caruaru, Pernambuco. Sua história com o barro começou cedo, tinha apenas 6 anos de idade; aprendeu com sua mãe, Dona Josefa, que além de lavradora era louceira. Vitalino aproveitava as sobras do barro utilizado por sua mãe na fabricação de pratos, tijelas, panelas e potes. No começo fazia pequenos animais, como bois e cavalos.
Quando pequeno,  sua família não tinha condições de lhe dar brinquedos e se dedicava ao fazer de panelas de barro. No meio da matéria prima, a argila, Vitalino começou a modelar pequenos bichos para se divertir. (artepopularbrasil)

Anos mais tarde, levou à feira de Caruaru (PE) uma porção de peças e, aos poucos, começaram a ser vendidas. Demorou, mas deu certo e a produção ganhou consistência. Vitalino foi considerado um cronista da vida, retratando cenas comuns da cidade e do campo, personagens do contexto onde viveu, e criou, inclusive, peças com críticas sociais: retirantes, trabalhadores, profissões do campo e da cidade, animais, lendas, procissões, conflitos. Suas obras ganharam o mundo, até Picasso teve uma peça de Vitalino, além de serem muito disputadas entre colecionadores. A generosidade o tornou mestre: amigos, familiares e vizinhos que tinham interesse em aprender a modelagem dos bonecos eram acolhidos. Como todo bom professor, também aprendeu com as sugestões que vinham de seus seguidores, com destaque a Ze Caboclo, Manoel Eudócio, Elias e Luiz Antônio. O legado de Vitalino, hoje em dia, é visto pelas ruas de Caruaru, mais especificamente no Alto do Moura, e reverbera por todos os lados contribuindo significativamente com a renda de inúmeras famílias.

Mestre Vitalino, Caruaru, PE, foto de Pierre Verger, 1947.

Na decada de 40 as obras do Mestre Vitalino ganharam grande notoriedade na região Sudeste a partir de uma Exposição de Cerâmica Popular Pernambucana, organizada por Augusto Rodrigues no Rio de Janeiro  em 1947. Depois em São Paulo expôs no Museu de Arte de São Paulo - MASP em 1949. Depois disso, a obra de Vitalino caiu no gosto das elites e virou noticia na imprensa nacional; isso fez com que a feira de Caruaru, local onde o mestre comercializava suas peças, tornasse uma atração turística.  Em 1960, Vitalino fez sua primeira viagem de avião para o Rio de Janeiro. Durante os 15 dias que permaneceu na cidade, compareceu a jantares, exposições, entrevistas e programas de televisão. Essa seria a época do apogeu da obra de Vitalino, do qual ele parecia não ter muita consciência. Como prova disso está o fato do mestre só ter passado a assinar suas peças depois de ter sido aconselhado por Abelardo Rodrigues, pois um dia aquele trabalho poderia valer muito. Depois da viagem ao Rio, vieram outras como a Brasília e de São Paulo. Vitalino ganhava o Brasil e o mundo, mas infelizmente seu tempo de vida a partir desta época foi muito curto. Vitalino morreu em 1963, aos 57 anos, vítima de varíola, do descaso e da falta de conhecimento.

Como ocorre na maioria dos casos, o reconhecimento da obra do Mestre Vitalino ganhou ainda mais importância e notoriedade após a sua morte. Suas obras mais famosas são o Violeiro, o Boi, o Trio pé de serra, o Enterro na rede, o Cavalo marinho, o Casal no boi, os Noivos a cavalo, o Caçador de onça, a Família lavrando a terra, Lampião e Maria Bonita, dentre outras. (


Mestre Vitalino, Lampião e Maria Bonita, cerâmica policromada.




Ladrão de galinhas, cerâmica policromada


Cerâmica policromada (artepopularbrasil).


Mestre Vitalino, Banda de Músicos, ceramica policromada, Reprodução fotográfica Soraia Carls/ Evandro Carneiro. (artepopularbrasil)



Boi, cerâmica policromada. 
Acervo do Museu de Arte Popular do Recife.(artepopularbrasil)

Mestre Vitalino, Cachorro abocanhando um teju, cerâmica policromada, acervo Museu de História e Arte do Estado do Rio de Janeiro.(artepopularbrasil)



Mestre Vitalino, Caçador com seu cachorro, ceramica policromada, Reprodução fotográfica Soraia Carls/ Evandro Carneiro Leiloes.(artepopularbrasil)
Mestre Vitalino, Confissao, ceramica policromada, Reprodução fotográfica Soraia Carls/ Evandro Carneiro Leiloes.(artepopularbrasil)
Emboscada. Cerâmica policromada.(artepopularbrasil)




Mestre Vitalino, vaquejada, cerâmica. Acervo Museu de Arte Popular do Recife. Foto autoria desconhecida. (artepopularbrasil)



2) Zé Caboclo do Caruaru
Filho de louceira, Zé Caboclo, que nasceu em 1921, modelava o barro na infância para fazer seus próprios brinquedos, já que seus pais não tinham condições de comprar os folguedos. Apesar do precoce trabalho com a matéria-prima, foi apenas no final dos anos 40 que o mestre se interessou verdadeiramente por arte, após conhecer mais afundo o trabalho do Mestre Vitalino, juntamente com o seu cunhado Manuel Eudócio, falecido em 2016, que também foi um importante mestre artesão da cultura popular pernambucana.

Juntos, Zé Caboclo e Eudócio inovaram as técnicas de produções de suas peças. Uma das maiores novidades foi fazer os olhos dos bonecos em alto relevo, ao invés de fazê-los furadinhos, como os demais artesãos da época. Esta técnica, até hoje, é bastante utilizada por artistas de toda Região Nordeste. No acervo de Zé há diversas criações em barro. Ele gostava de reproduzir cenas do cotidiano, além de também fazer peças do folclore, como maracatu e reisado, e figuras de velhos, porque gostava de conversas com pessoas mais experientes. As peças de profissões também ganharam destaque em sua trajetória. 

Ele moldou em argila médicos, dentistas, advogados, sapateiros, pescadores e outros profissionais.

Em 1973, aos 52 anos de idade, Zé do Caboclo deixou um “vazio” na cultura popular de Pernambuco, após ser vítima de esquistossomose. Hoje, seus oito filhos artesãos continuam o legado deixado por ele. Juntos, eles confeccionam e comercializam peças artesanais no Alto do Moura, em Caruaru, local que é considerado o maior centro de artes figurativas das Américas.

Sua filha caçula, Mestra Marliete Rodrigues, foi uma das discípulas que mais ganhou destaque em seu trabalho. Conhecida por suas obras em miniaturas, Marliete traz detalhes, delicadeza e perfeição em todas as suas criações. Suas peças também estão à venda no Alto do Moura.

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3) Heitor dos Prazeres
Heitor dos Prazeres (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1898 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1966). Compositor e pintor. Importante nome da cultura popular brasileira, como músico, participa da fundação de grandes escolas de samba cariocas, como Portela e Mangueira. Descendente de negros baianos que migram para o Rio de Janeiro, retrata na pintura as rodas de samba, as favelas, os rituais de candomblé, os bailes e as festas populares, a partir de cenas do cotidiano da população negra no subúrbio da cidade.

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Filho de marceneiro e clarinetista da banda da Guarda Nacional e de costureira, é, ainda, sobrinho do pioneiro dos ranchos cariocas, Hilário Jovino Ferreira (1873-1933), de quem ganha o primeiro cavaquinho. Frequenta as rodas de samba de Tia Ciata e Tia Esther, conhecidas como tias baianas, onde tem contato com músicos e futuros parceiros como Donga (1890 -1974), Sinhô (1888- 1930) e Paulo Portela (1901 - 1949).

Aos 20 anos, é conhecido como Mano Heitor do Cavaco e Mano Heitor do Estácio1. Firma relações com compositores como Cartola (1908 - 1980). e Paulo da Portela, compõe em parceria com vários sambistas e participa do início dos trabalhos e da fundação de escolas de samba como Mangueira, Portela e Deixar Falar (futura Estácio de Sá).

Na época, o Brasil busca afirmar sua identidade como povo moderno, e formas culturais nascem desse novo imaginário de país livre. O Carnaval e o samba surgem como criações fortes dos grupos sociais que habitam as favelas e os subúrbios. Referindo-se à região da Praça Onze e às festas na casa das tias baianas, Heitor dos Prazeres cria a denominação África em Miniatura, a Pequena África, que passa a gerar formas próprias de convívio. É também nesse momento que se definem as linhas principais daquilo que o mundo conhece como samba brasileiro. Firmam-se as rítmicas básicas, os timbres e instrumentos típicos e os modos de tocá-los. As primeiras escolas se fortalecem, e uma identidade do samba passa a ser partilhada. Surgem oportunidades de ganhar algum dinheiro com essa música, de gravar discos e experimentar o reconhecimento social.


Cizin do Ceará
Cícero Simplício do Nascimento nasceu em Aurora (CE), município vizinho à Juazeiro do Norte. Considerado um dos mais expressivos artistas do Cariri, Cizin, como é popularmente conhecido, faz esculturas em cerâmica e madeira, mas são nestas últimas que alcança a excelência em seu trabalho. (museucasadopontal)
Nômade por natureza, não se fixa muito em lugar algum. Trabalha ricamente a madeira, tendo especial predileção pela madeira de umburana.
Iniciou na arte por influência de seu irmão e também artista Nego Simplício, na década de 1980. Detentor de uma capacidade única para imprimir na madeira sua percepção sobre o mundo, suas obras expressam desde o cotidiano da vida ordinária regional até seu olhar filosófico e muitas vezes religioso sobre a própria vida no mundo.
Na sua temática estão as festas populares e os santos. Como os artistas modernos, gosta de tirar partido da forma do tronco para daí dar forma à sua imagem.




Mestre Zé Lopes
José Lopes da Silva Filho, o mestre Zé Lopes, é um dos mamulengueiros mais conhecidos do Brasil. Ele nasceu em um sítio em Cortesia, município de Glória de Goitá, Pernambuco, em 1950.
A paixão pelos bonecos começou ainda menino, aos 10 anos de idade. Quando ia a Glória de Goitá ficava em volta do mercado de farinha ouvindo os mestres anunciar seus espetáculos de bonecos ou de mamulengo. (Mamulengo é um boneco de manipulação muito comum no nordeste do Brasil. Diferentemente das famosas marionetes, esse boneco da tradição popular nordestina é manipulado por baixo, diretamente pelas mãos ou através de varas.
Aos 15 anos de idade já havia feito seu primeiro boneco. Porém, sua carreira de mamulengueiro teve que ser interrompida pelo fato dele ter ido "tentar a vida" em São Paulo. Na década de 80 retorna a Glória de Goitá e funda o Mamulengo Teatro do Riso. Com o Teatro do Riso, mestre Zé Lopes fez várias excursões pelo Brasil e Europa.(artepopular)

Mestre Zé Lopes com um de seus mamulengos. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.(artepopular)





Maria Auxiliadora da Silva 
Maria Auxiliadora da Silva (1935 ‑1974). 

Maria Auxiliadora (Campo Belo MG 1935 - São Paulo SP 1974). Pintora. É autodidata em artes plásticas e inicia sua produção artística por volta de 1954. Em 1968, liga-se ao grupo de Solano Trindade em Embu, São Paulo, e realiza sua primeira mostra individual. Postumamente, a obra da artista é enfocada no livro Mitopoética de 9 Artistas Brasileiros, de Lélia Coelho Frota.

Segundo críticos, sua obra situa-se na fronteira entre a arte ingênua e a art brut. Em sua vida atribulada pintou apenas durante sete anos, entre 1967 e 1974, porém, foram tão marcantes seus trabalhos, que lhe conferiram um lugar do maior destaque entre os primitivistas nacionais. Ela realizou procissões, danças populares, cenas do carnaval, do campo e das cidades. Uma de suas características marcantes foi a frequente utilização do branco, proporcionando efeitos sutis e de extrema leveza plástica. No final da vida, a doença (câncer) povoou suas telas de anjos, grinaldas, ambulâncias e funerais.(guiadasartes)

A pintura delicada, precisa e pungente da artista retrata seu cotidiano e sua cultura, atravessando muitos temas afro‑brasileiros: a capoeira, o samba, a umbanda, o candomblé, os orixás. Maria Auxiliadora representa também o dia a dia de seus familiares e de seus amigos nos subúrbios de São Paulo, especialmente nos bairros da Brasilândia e da Casa Verde. 

De origem humilde, descendente de escravizados, Maria Auxiliadora inventa um outro modo de pintura, longe dos preceitos acadêmicos e modernistas. Uma técnica singular se tornou sua assinatura: mediante uma mistura de tinta a óleo, massa plástica e mechas do seu cabelo, a artista construía relevos na tela. Seu percurso está longe dos artistas canonizados pela história da arte: passou pelas feiras de artes da praça da República, no centro de São Paulo, e da cidade de Embu das Artes, próxima da capital, lugares de confluência e intercâmbio entre aqueles que não encontravam espaços e oportunidades em museus e em galerias do circuito oficial.

Aqui, podemos pensar no argumento feminista de Carol Hanisch nos anos 1960: “o pessoal (individual) é político”. Num contexto e numa cultura em que, na história da arte, as coleções de museus são dominadas por representações e gostos eurocêntricos, brancos e elitistas, a obra de Maria Auxiliadora ganha o sentido de resistência.

Sua obra pode ser dividida em em grandes tópicos ou núcleos, pautados nos grandes temas de Maria Auxiliadora. 
1) O núcleo Candomblé, umbanda e orixás é central em sua obra, se nos lembrarmos de que, no Brasil, parte da resistência negra se estruturou por meio dos cultos religiosos de matriz africana. 
2) Manifestações populares apresenta as procissões e as festas juninas, a capoeira, o bumba meu boi, o carnaval de rua, o samba, os botecos, os bailes de gafieira. 
3) Em Autorretratos, a própria Maria Auxiliadora se coloca nos papéis de artista, em plena atividade, mas também de noiva ou de enferma (aos 39 anos, faleceu em decorrência de um câncer). 
4) Em Casais, uma de suas maiores obsessões, o enfoque é o cortejo e a conquista, refletindo, assim, sua perspectiva romântica. 
5) Em Rural, reúnem‑se imagens do trabalho e da vida no campo. 
7) Urbano traz cenas em parques de diversões, praça, bar, cinema e escola. 
7) No núcleo Interiores, o cotidiano é registrado e celebrado em situações marcadas pelo afeto e pela intimidade, especialmente em reuniões realizadas entre mulheres. (MASP)

Maria Auxiliadora é uma artista brasileira fundamental, para além das preconceituosas, paternalistas e redutoras categorias de “arte naïf” ou “primitiva”. Seu trabalho propõe uma resposta à questão crucial para qualquer museu que deseje efetivamente dialogar e ser relevante para o contexto em que se encontra inserido: de que modo a arte pode representar outras culturas, que não a das classes dominantes? Maria Auxiliadora nos oferece assim uma vida (e uma arte) para nosso tempo no museu (MASP), em São Paulo, no Brasil e no mundo.

Maria Auxiliadora da Silva (1935 ‑1974)

Maria Auxiliadora da Silva

Maria Auxiliadora da Silva

Maria Auxiliadora da Silva

Maria Auxiliadora da Silva

Maria Auxiliadora da Silva

Maria Auxiliadora da Silva

Maria Auxiliadora da Silva

Maria Auxiliadora da Silva (Google images)


Euclides Francisco Amâncio
Euclides Francisco Amâncio, mais conhecido como Bajado, foi um artista plástico pernambucano nascido no dia 9 de dezembro de 1912 no município de Maraial, zona da mata pernambucana. Desde muito pequeno, que o menino Bajado mostrou talento para o desenho. A inspiração para suas criações vinha do cinema, uma de suas grandes paixões. Na época Bajado não tinha dinheiro para comprar a entrada para o cinema e a solução era vender pão doce e bolinhos de goma feitos pela mãe e pela avó. Quando deixava a sala de projeção, o menino pegava papel e desenhava em formato gibi a história que acabara de ver. Ainda jovem Bajado deixou Maraial e se mudou para a cidade de Catende-PE, onde permaneceu até 1930 trabalhando como ajudante e pintor de cartazes de filmes. Quatro anos mais tarde fixa residência em Olinda, onde continuou pintando cartazes para cinema e trabalhando como operador de máquina do Cine Olinda, função que exerceu até 1950. O apelido Bajado surgiu na infância por causa de uma brincadeira durante um jogo de bicho, um dos passatempos preferido do artista.

Óleo sobre madeira (artepopular)

Bajado, nossa cirandinha, óleo sobre madeira.
Foto: João Liberato


Bajado, o nosso pastoril, óleo sobre madeira.

Bajado, viva o homem da meia noite, óleo sobre madeira.


Bajado

Euclides Francisco Amâncio (Maraial, Pernambuco, 1912 - Olinda, Pernambuco, 1996). Pintor, desenhista e cartazista. Aos 13 anos, muda-se para Catende, Pernambuco, onde trabalha no cinema da cidade e cria histórias em quadrinho após assistir filmes sobre o velho oeste. Em 1930, mora um ano em Recife, produzindo cartazes e fachadas para diversas lojas. Dois anos mais tarde, emprega-se em uma gráfica como linotipista.

Muda-se para Olinda em 1933, trabalhando como cartazista até 1950 no Cine Olinda. Participa dos carnavais da cidade, fundando diversos blocos e criando bonecos e estandartes. Nos anos 1950, desenha com os cartunistas Péricles (1924-1961) e Félix de Albuquerque (1911-?) o personagem Amigo da Onça, cujas histórias são publicadas na revista O Cruzeiro. Em 1964, inaugura com outros artistas de Olinda o Movimento da Arte da Ribeira. Com recursos escassos para viver e sustentar a família, ganha do marchand e leiloeiro italiano Giuseppe Baccaro (1930) uma casa, em que passa a viver a partir de 1972.

Em 1975, os diretores Fernando Spencer (1927-2014) e Celso Marconi (1930) realizam o documentário Bajado – Um Artista de Olinda. 
Em 1980, é realizada a exposição 50 Anos de Bajado, sediada no Recife e, depois, em Olinda, onde, no mesmo ano, é inaugurada na Casa Bajado. Em 1985, Juliana Cuentro e José Ataíde lançam o livro Bajado Artista de Olinda. No mesmo ano é inaugurado o Cine Bajado na mesma cidade. Em 1994, é homenageado pela Unesco em exposição na França e expõe seus quadros em Portugal.

Análise da obra 

A obra de Bajado é referência da chamada arte popular brasileira. Figura importante para as gerações que o sucedem em Pernambuco, pinta temas da cultura de seu estado, como, por exemplo o Carnaval de Olinda. Os comentários sobre sua obra, no entanto, problematizam o rótulo de artista popular, sobretudo quando esta definição trata da arte que revela um olhar ingênuo de artista do povo.

Pintor e cartazista de estabelecimentos comerciais, Bajado pinta as festas de rua e a população frequentemente sobre borrachas, paralamas de carros e pedaços de PVC. Suas personagens ganham traços fortes, semelhantes aos das histórias em quadrinhos, que conferem às cenas tom irônico e gozador, o que faz de Bajado testemunha crítica da realidade, como observa o artista plástico João Câmara (1944).

Em boa parte de seus quadros, a perspectiva do pintor é a janela, de forma que o observador toma o lugar de quem assiste ao movimento da rua. Andando ou dançando, suas personagens têm pouca diversidade de cores, que costumam ser vibrantes como os cartazes de cinema e as propagandas políticas da época. A variedade de materiais, os elementos de cartazes publicitários e a rua movimentada como palco da maioria das cenas faz de sua obra união de diversas linguagens da arte do século XX. Para a socióloga Laura Buarque Gadelha, Bajado “sintetizou os princípios do que mundialmente se falava, que era a pop art”.


Álvaro Jorge Pereira

(Desconhecido – 2016) Álvaro Jorge é autodidata e um exímio representante de uma das mais importante expressões da Cultura mineira. O artista já participou de várias exposições. 

Escultor nascido na cidade de Aimorés, Minas Gerais, Álvaro Jorge aprendeu o seu ofício sozinho, é um daqueles artistas denominados autodidata. A exemplo do Mestre Aleijadinho, de Maurino Araújo, de G.T.O e de Higino D`Almeida, Álvaro Jorge é um exímio representante de uma das mais importantes expressões da cultura mineira, a escultura em madeira. Suas peças são esculpidas em cedro e vinhático e quase sempre representa imagens de anjos e santos, outra expressiva tradição da cultura de Minas Gerais. [...] Para esculpir minhas peças, uso somente um formão e um martelo.

Álvaro Jorge começou a trabalhar com carpintaria em 1979; ajudava a seu pai a confeccionar cenários no Palácio das Artes de Belo Horizonte. De lá saiu em 1984 para se dedicar à escultura. O artista já participou de várias exposições, dentre elas: 40 anos do CEART, Barroco Mineiro, Mestres Santeiros, e Mestres da Capital, dentre outras. Peças suas podem ser apreciadas em alguns museus de Belo Horizonte, dentre eles o Museu de Arte Popular CEMIG. Álvaro Jorge já foi premiado muitas vezes no Brasil, como no Palácio das Artes de Belo Horizonte, e pelo Governo do Estado de Pernambuco. 

Álvaro Jorge já foi premiado muitas vezes no Brasil, como no Palácio das Artes de BH e pelo governo de Pernambuco. Foi considerado um dos Mestres da Capital mineira ao lado de Claudio Gerais, Detimar Vieira, Higino, Maurino.
Álvaro Jorge faleceu no dia 30 de julho de 2016 em Belo Horizonte.

Álvaro Jorge (brasileirinhotiradentes)

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Álvaro Jorge. São Francisco, madeira policromada


Álvaro Jorge. Anjo, madeira policromada.

Álvaro Jorge, anjo, madeira policromada. Reprodução fotográfica autoria desconhecida.

Álvaro Jorge, anjo, madeira policromada.

Álvaro Jorge, São Francisco, madeira policromada.


Álvaro Jorge, N.S. da Conceição, madeira policromada.



Arte Popular X Artesanato

Muitos estudiosos discutem a questão da diferença entre artesanato e arte popular. Muitos dizem que há, sim, diferença entre as duas atividades. Esclarecem que a arte popular necessita de espírito criativo, cheio de inspiração. Coisa que pode faltar ao artesão, que pode simplesmente reproduzir. Segundo estes, enquanto o artesanato é trabalhado no campo do concreto, da reprodução e da matéria, o artista entra pela abstração. Uma pequena diferença se é que realmente existe. No entanto, a verdade é que ambos precisam de talento e de sensibilidade. Nos dois casos, não há como criar sem possuir um especial dom para tal. A Arte popular teve suas primeiras manifestações na Antiga Roma. E hoje representa uma parte do patrimônio cultural dos países. É parte da construção da identidade de um povo. Apresenta ao mundo sua cultura, suas crenças e mitos.


O QUE SÃO MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS

Arte é um tipo de comunicação que envolve um conhecimento para que se possa expressar uma ideia, um conceito, um sentimento uma história.

Manifestações artísticas são as formas de manifestação de ideias que podem ser desenvolvidas a partir da:

Música
Dança
pintura
Escultura
literatura
Teatro
Fotografia
HQ
Cinema
Games
Arte digital





Fonte





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