terça-feira, 18 de novembro de 2025

A ARTE

ARTE 


Arte rupestre


Arte rupestre no Parque Nacional da Serra da Capivara

Capela Sistina da Antiquidade no Sítio arqueo­lógico Cerro Azul, localizado na Serranía de La Lindosa, a 400 quilômetros da capital, Bogotá (veja).

Arte rupestre no Parque Nacional da Serra da Capivara


Cueva de las manos na Patagônia, Argentina, descoberta em 1941. Centenas de mãos pintadas há cerca de 9 mil anos por povos originários. A caverna também apresenta imagens de seres humanos, felinos, emas, o sol e desenhos geométricos pintados nas cores vermelho, amarelo, ocre, verde, preto e branco.

Pintura rupestre da "arara" na Gruta das Araras. Foto de João Carlos Moreno de Sousa, em visita ao sítio em Fevereiro de 2013.

A maior arte rupestre do mundo (1)

Figura vermelha. Arte Grega.


Altar de Zeus no Museu de Pérgamon, Berlin.
O Museu de Pérgamo em Berlim recebe seu nome do altar de Zeus reconstruído, proveniente de Pérgamo (Bergama), no oeste da Turquia.(1)

A Cratera de Derveni, do século IV a.C., com Dionísio e Ariadne representados nesta imagem. (2)

Doríforo (Portador de Lança, c. 440 a.C.) de Policleitos; Minneapolis Institute of Arts, Domínio público, via Wikimedia Commons.(3)

Nereus,_Doris,_Okeanos_Pergamon altar. Berlin. (4)

No Ocidente, observa-se um processo histórico complexo no qual religião e ciência, ambas inicialmente concebidas como vias privilegiadas de acesso à verdade, transformaram-se gradualmente em instituições políticas detentoras de poder, frequentemente subordinando o exercício autêntico da fé e o rigor introspectivo da razão aos interesses da vaidade, da autoridade e da ambição humana. A tradição greco-romana, sobretudo nos ensinamentos socráticos, na ética aristotélica e, posteriormente, no estoicismo, valorizava a “alétheia” como modo de vida: viver conforme a verdade implicava um compromisso ético com a coerência entre discurso e ação. Michel Foucault, em sua análise final sobre a “parrhesía”, observa como a modernidade institucional expropriou esse vínculo espiritual entre verdade e existência, convertendo-o em mera função técnico-burocrática. Como afirma:

“Se a prática científica, a instituição científica, a integração ao consenso científico bastam, por si sós, para garantir o acesso à verdade, é evidente que o problema da verdadeira vida como base necessária da prática de dizer-a-verdade desaparece. [...] A questão da verdadeira vida não parou de se extenuar, de se atenuar, de se eliminar no pensamento ocidental” (FOUCAULT, 2011, p. 207).

Assim, a verdade deixa de ser um modo de subjetivação e torna-se um atributo institucional, deslocando o foco da existência ética para a legitimidade do poder.

Nesse panorama, torna-se relevante compreender a arte não apenas como expressão sensível, mas como manifestação antropológica fundamental. A produção artística, desde seus primórdios na Pré-História, como atestam as pinturas rupestres de Lascaux e Altamira, os objetos cerimoniais do Paleolítico Superior e os grafismos geométricos gravados em ossos e cerâmicas, revela o impulso humano de transfigurar o real. Quando o artesão neolítico decora um vaso ou quando o caçador paleolítico grava animais nas paredes da caverna, não há mera ornamentação: há a irrupção simbólica do “eu” no mundo. A arte emerge como expressão do “self” e como extensão da liberdade criativa, fenômeno que percorre as civilizações, da idealização corporal grega ao naturalismo renascentista, das abstrações islâmicas à espiritualidade iconográfica bizantina.

A periodização da história da arte, ainda que esquemática, auxilia na compreensão desses processos. A arte pré-histórica (c. 50.000 a.C.) revela o nascimento do gesto simbólico; a arte antiga, florescida no Egito e Mesopotâmia (a partir de c. 4.000 a.C.), associa estética, técnica e religiosidade; a arte clássica greco-romana (século VIII a.C. ao V d.C.) estrutura as bases da proporção, da mimese e da representação do corpo; a arte medieval (476–1453) articula transcendência e iconografia cristã; o Renascimento (séculos XIV–XVI) retoma a racionalidade clássica unida ao humanismo; a arte moderna (século XIX–XX), com o Romantismo, o Realismo, o Impressionismo e as vanguardas, desloca o foco para a subjetividade e a experimentação; a arte contemporânea (pós-1950) desmaterializa o objeto artístico e privilegia conceitos, processos e crítica social. Dessa evolução decorre a variedade de formas, pintura, escultura, literatura, cinema, dança, teatro, performance, instalação, todas vinculadas à potência expressiva do humano.

O Nascimento de Vênus, Sandro Botticelli, c. 1485, Têmpera sobre tela, 
172.5 x 278.5 cm, Uffizi, Florença.(5)

A arte, diferentemente dos utensílios funcionais, não se define por sua utilidade. Fernando Pessoa sintetiza essa condição ao afirmar: “A obra de arte é primeiro obra, depois obra de arte”, indicando que a obra deixa de ser apenas objeto quando se abre à experiência estética. Assim, um vaso doméstico se torna arte quando sua forma ultrapassa a funcionalidade e passa a expressar significações. Conforme Marilena Chaui, a arte transforma o real ao dar forma ao informe, ao converter o visível e o invisível em experiência compartilhável. O pôr-do-sol, embora belo, não é arte: ele se converte em arte quando reinterpretado na linguagem humana, pintura, poesia, fotografia, música, e daí nasce a liberdade criadora. Merleau-Ponty, ao caracterizar a arte como “advento”, afirma que cada obra introduz no mundo aquilo que nunca existiu antes, instaurando uma temporalidade própria. No ensaio “A linguagem indireta e as vozes do silêncio”, o filósofo argumenta que o primeiro traço nas cavernas fundou a tradição porque, antes de tudo, recolheu a tradição da percepção, da observação.

A reflexão estética abrange categorias como o belo, o feio, o sublime, o trágico, o cômico, o grotesco e o kitsch, que variam historicamente e culturalmente. Antonio Candido recorda que “nenhuma arte é casual ou rudimentar: é expressão de um desejo de beleza”, ainda que tal beleza assuma formas contrastantes. Por isso, a universalidade da arte é relativa: uma pintura europeia do século XIX dificilmente possui o mesmo significado estético para uma comunidade indígena da Amazônia, cuja noção de arte está integrada ao ritual, ao mito e à vida coletiva, como demonstram estudos de Lévi-Strauss, Els Lagrou ou Viveiros de Castro. As práticas estéticas, desde a Pré-História, são inseparáveis da religião: como afirma Marilena Chaui, atividades como semear, caçar, cantar, esculpir ou dançar nasceram como gestos técnico-rituais, nos quais o simbólico e o sagrado se entrelaçavam.

A compreensão e apreciação da obra de arte dependem de repertório, imaginação e disposição interpretativa. A arte, ao mesmo tempo, reflete valores sociais e intervém na realidade, transformando a forma como os indivíduos percebem o mundo e a si mesmos. Para Merleau-Ponty, o artista nos revela o que sempre vimos sem ter visto, o que sempre sentimos sem ter sentido: ele recorta o mundo e nos devolve um fragmento intensificado da existência. Daí a ideia pessoana, pela voz de Alberto Caeiro, de “nascer a cada momento para a eterna novidade do mundo”. A arte, distinta da tecnologia, não progride linearmente; ela se renova incessantemente, acompanhando as metamorfoses da sensibilidade humana. É por isso que, independentemente de época, a arte constitui um modo de tornar a vida mais bela, mais significativa e mais plenamente vivida.





Fonte







https://pt.wikipedia.org/wiki/Pintura_do_Renascimento

RELEITURAS E ABSTRAÇÕES

 

Al. Enzo


Al. Hoff

RELEITURAS DE RELEITURAS














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